Ao chegar
em casa após
a meia-noite, vindo
do trabalho, eu guardava
a bicicleta num cômodo
separado da casa, uma
espécie de garagem
para as bicicletas.
Em noites de garoa eu
chegava, acendia a luz
e olhava com acuidade
para o chão,
evitando assim pisar
algum sapo, já
que eles são
comuns em noites chuvosas.
Em noites assim, sempre
era esse o procedimento.
Um belo
dia, quando fui acender
a luz, tudo escuro.
Era uma vez claridade.
Assim sendo, habituei-me
a chegar e fingir não
haver em mim o receio
de pisar um sapo. Acostumei-me
a agir desse modo. Quando
o hábito já
estava arraigado, instalaram
nova lâmpada no
cômodo, precisamente
num dia em que caía
uma garoa. Cheguei em
casa, acendi a luz e
vasculhei o chão.
Mesmo não deparando
nenhum sapo ou afins,
fiquei com receio de
entrar na garagem. Anteriormente,
no escuro, com ou sem
chuva, a coragem era
maior.
_____
Há
em minha casa uma garagem
onde guardamos as bicicletas.
Sempre que chego em
casa, após a
meia-noite, vindo do
serviço, é
lá que guardo
minha bicicleta. O ritual
é esse, exceto
em noite de garoa, pois
quando vem a chuva,
tomo cuidado para não
pisar algum sapo, esses
anfíbios tão
comuns em noites chuvosas.
Se chovesse, mesmo com
a luz da garagem acesa,
eu não desgrudava
o olhar do chão,
com o intuito de não
me envolver em um confronto
direto com algum sapo.
Mas num
belo dia, após
chegar em casa, nada
de luz no recinto onde
coloco a bicicleta.
Como não chovia,
não me preocupei.
E quando chovesse? Passou
o tempo e nada de luz.
Um dia, tudo de chuva.
Não havendo mesmo
a possibilidade de deixar
do lado de fora a bicicleta,
guardei-a rápido.
Com o passar do tempo
fui me acostumando com
a ausência de
luz, e mesmo em noites
de chuva, eu agia como
quem não estava
temeroso, e de supetão
guardava a bicicleta.
Tanto me acostumei com
tal procedimento que
num certo dia cheguei
em casa e apertei o
interruptor, pois uma
lâmpada havia
sido instalada. Precisamente
naquele dia, chovia,
e, mesmo com o ambiente
iluminado, vacilei para
guardar a bicicleta.