Quando
eu tinha oito anos,
nove, dois livros me
envolviam. Um deles
se chama “As mais
Belas Histórias”.
Entre elas, a de Rapunzel
e a de Ariadna. O outro
é “As mais
Belas Poesias”.
Ambos
os livros são
ilustrados. O primeiro
tem um prefácio
que eu acho o máximo.
Lembro-me de “A
Gata Borralheira”,
de “O Gato de
Botas”, de uma
que traz como personagens
principais quatro animais,
e se chama “Os
Músicos de”...
Qual é mesmo
a última palavra?
As ilustrações
do segundo muito me
atraíam. Algumas
delas eu até
cismava que era capaz
de desenhá-las.
Ele contém poesias
como “Círculo
Vicioso”, de Machado
de Assis, “O Baile
na Flor” (não
me lembro do nome do
autor), algo de Olavo
Bilac e Rabindranath
Tagore, entre outros.
Dos livros
que li na infância,
são esses os
dois freqüentemente
relembrados. Estou até
mesmo pensando em tentar
adquirir edições
mais recentes ou livros
em melhor estado. Além
do mais, salvo engano,
o livro “As mais
Belas Histórias”
é dividido em
quatro volumes, e só
tenho um.
Em meados
do ano passado conheci
o professor Edson. Ele
dá aula de redação.
Tornamo-nos amigos,
e a literatura tornou-se
assunto comum entre
nós. Com a vivência
de quem já leu
e viu mais do que eu,
ouvi-lo é sempre
bom. De vez em quando,
mostro pra ele algo
que escrevo. Como a
amizade gradativamente
tornava-se sólida,
ele me emprestou um
livro chamado “Análise
e Interpretação
da Obra Literária”,
de Wofgang Kayser, um
grande autor. Tanto
gostei do livro que
ele já faz parte
das desejadas futuras
aquisições.
Fiquei uns seis meses
com o livro dele.
Ao pensar
que já era então
o fim desse capítulo,
ele me empresta o segundo
volume da obra de Wofgang
Kayser. Eufórico,
iniciei a leitura em
sala de aula, enquanto
aplicava prova. Chegando
em casa, comecei a folhear
o livro, pescando trechos
aqui e ali, quando deparei
um poema intitulado
“The Arrow and
the Song”. Iniciei,
por curiosidade, sua
leitura. À medida
que lia, sentia um quê
de familiaridade, e
antes do término
da segunda estrofe me
lembrei de que já
conhecia o poema desde
pequeno, graças
à coletânea
“As mais Belas
Poesias”.
Foi ótimo
reler, tempos depois,
e num outro livro, um
poema que eu tanto lera
na infância. Seu
autor é H.W.
Longfellow, e a tradução
a seguir, extraída
do livro que o Edson
me emprestou, é
ligeiramente diferente
dos versos lidos na
infância. Este
é o poema:
“Disparei
para o ar uma seta,/Caiu
na terra, não
sei onde;/Pois tão
depressa ela voou que
o olhar/Não a
pôde seguir no
vôo.//Uma canção
eu exalei para o ar;/Caiu
na terra, não
sei onde;/Pois que olhar
tão agudo, tão
forte,/Capaz de seguir
o vôo de uma canção?//Muito
tempo depois, num carvalho/Encontrei
a seta, ainda inteira;/E
a canção,
do princípio
ao fim,/Num coração
amigo fui de novo encontrá-la”.