Li recentemente
que um senhor de 90
anos (não me
lembro do nome dele)
ganhou um concurso literário
e teve seu romance publicado
(também não
me lembro do nome do
romance). O livro foi
muito elogiado pela
IstoÉ. Obteve
algum reconhecimento
aos 90 anos, aquele
homem.
Citei
esse exemplo porque
ultimamente tenho pensado
muito no tempo que as
coisas levam para acontecer.
Há quem se estabilize
na juventude, há
quem se perca na velhice.
Sempre há tempo
para uma reviravolta;
o imprevisto não
escolhe idade. Quem,
por estar velho, pensa
que se sabe por completo,
pode ainda estar sem
conhecer seu melhor.
Ou pior.
O tempo
modifica cores, esculpe
estalactites, dizima
estrelas. O mesmo tempo
que nos transforma,
enrugando a pele ou
tornando brancos os
cabelos, nos dá
a oportunidade de nos
lapidarmos.
O
que hoje sou
não faz de mim
outro do que fui.
Sou hoje o mesmo,
só que melhorado.
O ter melhorado
não me torna
outro.
O diamante lapidado
vale mais não
por que
deixou de ser diamante,
mas por que foi lapidado.
E mais: o melhor nesse
dia
de hoje não é
saber o quanto
sou melhor e maior,
mas a noção
do quanto
posso ser ainda
maior e melhor.
Paciência
cabe no tempo. Dinamismo
cabe na paciência.