Disse
Jerry Lee Lewis: “Eu
costumava ter de beber
uma dose de tequila
para ficar sóbrio”.
E foi com essa sobriedade
que eu me dirigia para
casa na madrugada do
dia 29 de julho, pois
eu e um amigo havíamos
tomado três cervejas.
Em meu caso, uma cerveja
e meia é o bastante
para que eu fique sóbrio.
Desci
a Silva Guerra e segui
pela Duque de Caxias.
Cheguei em casa rapidamente,
e antes mesmo de abrir
o portão chequei
a hora. Três da
madrugada, e pensei
em ligar a televisão
assim que entrasse em
casa.
Apanhei
minhas chaves, e quando
estava prestes a destrancar
o portão, vi
um cachorro que vinha
em minha direção.
Se fosse uma pessoa,
eu diria se tratar de
um ser humano de estatura
média, e para
que vocês tenham
uma idéia do
tamanho do animal, afirmo
que ele era um cão
de tamanho médio.
Como ele vinha sem rosnar,
calmamente e abanando
a cauda, não
temi sua aproximação.
Quando estava próximo
a mim, mostrou-se ressabiado,
como que pensando com
seus botões se
aproximaria-se mais
ou não. Ainda
balançava a cauda.
Curvei-me e tentei uma
aproximação,
estalando os dedos e
o chamando com tom e
palavras típicos.
Deixando de lado sua
desconfiança,
ele se permitiu ser
tocado por mim e mostrou
contentamento. Afaguei
por alguns instantes
seu pêlo marrom
e disse-lhe que iria
pra dentro. Destranquei
o portão, ele
demonstrou interesse
em entrar. Por um momento
me senti tentado a deixá-lo
vir para dentro, mas
pensei que ele poderia
ter dono, ou mesmo que
não poderia ser
aceito pelo restante
da família. Deixei-o
de fora, guardei a bicicleta
num cômodo separado
da casa. Quando destrancaria
a porta, vi que o cachorro
permanecia em frente
à minha casa,
observando-me de forma
contente. Como o portão
de casa mais se parece
com uma grade, era fácil
vê-lo. Quanto
mais eu olhava, mais
eu tinha vontade de
passá-lo para
dentro.
Abri
a porta, larguei-a aberta
e corri o mais silenciosamente
que pude até
a cozinha, para apanhar
um pão para o
cachorro. Corri de volta.
Ao sair para revê-lo,
ele não estava
mais onde esteve. Fui
até o portão
e, sem destrancá-lo,
chamei pelo cão,
elevando um pouco a
voz.