A aula
transcorria quase normalmente,
pois o barulho era imenso.
A maioria dos alunos
estava conversando,
sem interesse pelo professor,
pela matéria
ou seja lá o
que for. Para os poucos
que pareciam interessados,
eu prosseguia com as
explicações.
O ambiente continuava
ruidoso. Uma aluna pediu-me:
–
Você deveria falar
um pouco mais alto.
Àquela
altura, já desgastado
e impaciente, devido
à algazarra dos
alunos, retruquei:
–
Vocês é
que deveriam conversar
menos.
Ela revidou:
–
Mas eu não estou
conversando.
E não
estava mesmo. Ela tinha
razão. Nada mais
não dissemos
um para o outro, e a
partir de então
uma atmosfera pesada
tomou conta da sala
de aula. Havia uma tensão
pairando, mal aguardei
o horário terminar.
Saí sem me despedir
dos alunos.
Durante
o período em
que não lecionei
para a mencionada turma,
eu e a aluna que havia
me pedido para falar
mais alto nos encontramos
diversas vezes nos corredores
da escola. Nada falávamos
um com o outro e desviávamos
nossos olhares.
Para
ser sincero, eu não
estava disposto a enfrentar
novamente toda aquela
baderna. Na semana seguinte
ao incidente, entrei
apreensivo em sala de
aula. Para minha surpresa
(e alívio), havia
poucos alunos em sala.
Tudo transcorreu sem
problemas. Não
mais tive desentendimentos
com a turma desde então.
Num dia, ela (a aluna),
se propôs a resolver
uma questão no
quadro. Em troca da
solução
correta ela me pedira
dois pontos. Topei.
Ela ganhou os pontos.
Após o término
da aula pensei ser isso
um bom sinal. Afinal,
havíamos mantido
diálogo novamente.
Um diálogo amistoso.
Há
alguns dias cheguei
a um barzinho. Lá
estava a aluna dos dois
pontos. Foi logo me
chamando, sorridente.
Disse-me que há
um tempão estava
com um recado de um
amigo meu para ser transmitido
a mim. Iniciamos uma
conversação,
tomamos cerveja, descobrimos
outras amizades em comum
e iniciamos a nossa.