DESCOBERTAS 

 

(Publicada na primeira quinzena de julho de 1.994) 

Coisa curiosa é o ato de descobrir um autor. Quanto mais lemos, mais deparamos seu nome, e o que pode vir a desengatilhar o interesse por este ou aquele escritor é algo muito vasto. Pode ser indicação de um amigo, pode ser que tenhamos lido o nome do autor num livro de um outro autor que muito admiramos, pode ser que a curiosidade tenha sido suscitada devido a uma citação numa entrevista, por exemplo.

Alusões aos clássicos são mais fáceis de serem encontradas. Quem lê, sabe disso. Freqüentam assiduamente as páginas. Dos convites de casamento, passando pela publicidade e pelos jornais, é comum deparar a citação de algum clássico da literatura. Ainda bem, pois a freqüência que deparamos o nome de determinado autor pode nos incitar a conhecer sua obra. E mais: quando isso ocorre, contribui-se para que o que é eterno continue a sê-lo.

Sei de amigos que carregam consigo listas de autores ainda não conhecidos por eles. Também adoto esse procedimento, e quando algum desses amigos me mostra uma dessas listas, fico pensando no longo caminho por ele percorrido até o nome de algum autor ir parar ali, em sua lista. Como será que ele descobriu tal autor? O que terá causado sua curiosidade? E envolvido pelo momento, fico até curioso para conhecer os autores que freqüentam as listas de meus amigos.

O melhor é que todo esse processo de descobrimento de livros, eu assim chamaria, vai se tornando uma bola de neve; vai-se descobrindo novos afluentes nesse rio, novos galhos vão se incorporando a essa árvore. Novos leitores e autores vão firmando um belo e espontâneo pacto.

E vocês já repararam que ao lermos determinado livro, parece que passamos a deparar o nome de seu autor de modo mais freqüente?

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