A SAUDADE DE CLÁUDIA REGINA 

 

(Publicada em 5 de dezembro de 1.998) 

Não sei há quanto tempo conheço Cláudia Regina, mas desde que a conheço a vejo às voltas com livros e com seu senso de humor. Eu já disse pra ela que esse senso de humor deveria ser usado para ganhar dinheiro. Geralmente, quando digo isso, ela vem sempre com uma de suas tiradas.
Raramente escrevo textos sob encomenda. Um dos poucos, talvez o único, foi um texto que publiquei neste jornal, sobre o dia dos pais. Tenho agora a tarefa de escrever sobre um assunto que me foi encomendado pela Cláudia, e estou com a sensação de que o texto pode não agradá-la, mas vamos lá.

Cláudia e eu estávamos aproveitando o tempo disponível para dar um giro pela faculdade. Assim que nos encontramos, ela me pediu para escrever uma crônica sobre a saudade que ela já estava sentindo do curso de Letras. Ela disse que às vezes tenta se refugiar desse sentimento, indo a lugares onde ele poderia cutucar menos. Embora eu não esteja me formando, penso ter uma idéia do que anda tomando conta de Cláudia. Eu, quando terminei o segundo grau, senti algo parecido. Tenho a impressão de que o que se passa com ela é aquela sensação que toma conta da gente quando estamos perto do fim de algo que foi tão bom, sem que nos déssemos conta. Nessas horas até nos esquecemos dos problemas que existiram, e percebemos que gostávamos muito mais da turma, da escola e dos professores do que suspeitávamos. Nesses momentos vemos morrer instante após instante um tempo que nos tornava felizes. A emoção é o que passa a ditar as ordens. Seduzidos por ela, sobra para nós um misto de dever cumprido e saudade.

A gente se lembra dos colegas e não raro um leve sorriso aflora. Até nos damos conta do quanto fomos intransigentes, pouco gentis ou desrespeitosos. Toda raiva vai embora, todo rancor se dissolve. Pode ser que isso não ocorra com todo mundo, mas creio ser isso o que se passa com a Cláudia.

Lembramo-nos das coisas engraçadas, dos apertos, daquela professora que era um saco, e nos damos conta de que todos escrevemos uma história, e que um dos capítulos está se fechando. Enquanto durou, um só encontro, uma só trama.

Não há como se refugiar da saudade, Cláudia. E valorize o encontro, pois o reencontro vem por aí.

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